Encontro com as Famílias
No ano de 2009 a Federação Nacional das Apaes-FENAPAES, esteve discutindo o seguinte tema: Quebre a resistência e tome uma atitude: Construa acessibilidade para a pessoa com deficiência intelectual. Este tema trabalhado foi discutido em outros paises como, por exemplo, nos Estados Unidos no ano de 2006 com o tema: Igualdade, Dignidade, e Participação que foi eleito para se estar discutindo nos próximos 10 anos.
O Movimento Apaeano definiu três aspectos para se estar discutindo este tema: Primeiro a necessidade de romper com a resistência da sociedade em reconhecer a capacidade real e potencial da pessoa com deficiência intelectual e múltipla, muitas vezes vista, equivocadamente, como limitada e sem perspectiva. Esta realidade exige mudança de atitude, tanto das pessoas, no indivíduo, como no coletivo – a sociedade, revertendo o valor que é dado à pessoa com deficiência e valorizado uma postura positiva que leva ao desenvolvimento e à promoção humana. Para isso a acessibilidade é condição indispensável.
No ano de 2008 no estado do Espírito Santo aconteceu o IV Fórum de autodefensores resultando na Carta de Vitória que retratou reivindicações da própria pessoa com deficiência intelectual, como verificamos abaixo:
- Apoio das famílias para enfrentar os desafios que o autodefensor enfrenta, deixando de lado as diferenças e amando-o, como próximo que é;
- Apoio moral das famílias no que diz respeito ao preconceito, incentivando a pessoa com deficiência. Sendo mais participativa nas atividades do filho encarando a sua luta de frente e orientando o filho para a vida;
- Que os professores tenham mais paciência ao ensinar;
- Participação da pessoa com deficiência nos Conselhos municipais, estaduais, e nacionais de saúde;
- Acesso a melhor atendimento na área de saúde, mediante a qualificação profissional dos profissionais, visando ao atendimento à pessoa com deficiência;
- Propor que o emprego da pessoa com deficiência seja sempre de meio período para que ela possa dispor de um turno para continuar os estudos;
- Ampliar o número de concursos e abrir mais vagas para que mais pessoas com deficiência possam ingressar no mundo do trabalho;
- Preparar melhor as empresas para receberem as pessoas com deficiências;
- Preparar melhor as pessoas com deficiência para o trabalho.
Portanto podemos entender que a Carta de Vitória é uma carta de acessibilidade. Em resposta ao apelo das pessoas com deficiência intelectual, o movimento apaeano em particular visando à sensibilização e a conscientização da sociedade em geral para a importância de promover o acesso à pessoa com deficiência intelectual e múltipla aos espaços e serviços construídos pela cultura dando oportunidade de participar como sujeito ativo nesta construção e fazer uso dela.
Dessa forma, o conceito de acessibilidade está relacionado com a conquista de independência, autonomia, interdependência, interpessoalidade, participação social e societal, bem como de espaço para a construção da cidadania da pessoa com deficiência. Significando ver à acessibilidade como resultado do esforço individual e social de reconstrução dos meios de convivência e participação na vida social em diferentes contextos, como condição indispensável para que a pessoa com deficiência possa conquistar e assumir seu lugar de sujeito na sociedade, tendo ainda um papel importante para o desenvolvimento no país, contribuindo para a garantia constitucional do direito de ir e vir e do efetivo exercício dos direitos humanos e da cidadania.
A acessibilidade é pouco discutida e por isso exige atenção e incremento com a realização de debates, conferências, comemorações, publicações, eventos, e outros. Para realizar as ações sugerimos alguns temas:
- Acessibilidade ao diagnóstico e ao atendimento adequado: promover debates e ações sobre o diagnóstico da deficiência intelectual e múltipla, considerando os direitos e oportunidades para a pessoa em diferentes locais, com centralidade nas capacidades e potencialidades de aprendizagem, desenvolvimento, participação e qualidade de vida, com base na concepção ecológica e sociocultural, privilegiando a dimensão sociocultural. Considerar o acesso aos recursos que permitam ofertar serviços de atendimento bem como recursos para deles usufruir, tendo em vista a carência de possibilidades financeiras de grande parte desta população específica.
- Acessibilidade social: refletir e atuar sobre a adequação do ambiente coletivo, de modo a contribuir para torná-lo efetivamente inclusivo. Participar da criação de espaços sociais acolhedores e receptivos à pessoa com deficiência intelectual e múltipla, com soluções que contribuam para a sua autonomia e independência de maneira segura e compartilhada com vistas a sua qualidade de vida comunitária. Considerar o provimento de políticas governamentais integradas com a sociedade civil, pautados na visão de desenvolvimento inclusivo do país. Dar visibilidade à importância do cumprimento da legislação em vigor.
- Acessibilidade ao usufruto de bens e serviços culturais: criar espaço para discutir realizações que identifiquem e removam barreiras que dificultam ou impedem a pessoa com deficiência intelectual e múltipla e apropriar-se do efetivo usufruto dos recursos materiais, tecnológicos, técnicos, e outros, conquistados pela sociedade, podendo exercer papéis socialmente valorizados. Beneficiar-se, ainda, dos serviços comunitários e dos avanços que contribuem para o bem estar de todos os cidadãos.
- Acessibilidade atitudinal: dois aspectos podem ser considerados nesse item: A atitude da própria pessoa com deficiência intelectual e múltipla e a atitude dos outros sociais. Em relação à pessoa com deficiência, é importante valorizar a visão positiva de si e estimular seu desejo e confiança para desenvolver-se como sujeito único e social. Reconhecer seus direitos e confiar em si mesmo, de modo a conquistar competência intra e interpessoal. Quanto ao outro social, seja pessoa ou grupo (s), dar ênfase às discussões e ações que fomentam o respeito e a valorização à diferença em diferentes âmbitos contextuais, alcançando o macrossistema cultural e societal valorizando o exercício da tolerância e a intransigência em relação ao preconceito. Promover oportunidade de pensar e contribuir para crença positiva sobre o outro, bem como a convivência moral e ética impulsionando o desenvolvimento humano e social.
- Acessibilidade curricular: refletir e dar visibilidade à emergência de acesso à matrícula e ao currículo no ambiente escolar, focalizando a participação do aluno e da família. Enfatizara acessibilidade à apropriação dos conteúdos curriculares, mediante a metodologia adequada e os apoios necessários, contemplando a vivência das relações interpessoais na escola. Envolver nas considerações a construção de valores, sentimentos e atitudes bem como a estrutura e o funcionamento institucional, seus espaços, seus tempos, seus fazeres e ritos, em benefício da educação de qualidade para todos.
- Acessibilidade ao trabalho, emprego e renda: discutir e promover ações que preconizem a qualificação da pessoa com deficiência com vistas ao mercado de trabalho enfatizando sua permanência mediante o exercício profissional efetivo e competente. Focalizar a legislação vigente; a orientação à família e ao empregador; a adequação dos espaços operacionais e os sistemas de apoio; o clima e os valores organizacionais; o comprometimento e a satisfação, como elementos de desenvolvimento profissional e de êxito no trabalho. Considerar a responsabilidade social com as iniciativas de acesso ao trabalho, emprego e renda. Enfatizar a visão do trabalho para a edificação do sujeito e sua qualidade de vida.
- Acessibilidade aos sistemas de comunicação e informação: discutir e agir no sentido de criar meios de acesso aos sistemas e tecnologias da informação da comunicação. Destacar medidas de inclusão digital visando à aprendizagem e ao uso os recursos da informática e da internet, mediante programas adequados, levando em conta conteúdos adequados e acessíveis. Considerar situações e características que potencializam a acessibilidade do usuário com deficiência intelectual e múltipla dando ênfase às suas condições para interpretar a informação principalmente a compreensão de textos complexo, a inteligibilidade das palavras e expressões utilizadas. Ponderar sobre a apresentação da informação utilizando diferentes linguagens e elementos textuais de modo a facilitar a compreensão.
Estamos certos de que a criatividade, a articulação de ações e a divulgação do tema contribuirão para a conquista de melhores condições de acessibilidade para a pessoal com deficiência intelectual e múltipla.
Fonte: Adaptação do Texto base 2009: Quebre a resistência e tome uma atitude: Construa acessibilidade para a pessoa com deficiência intelectual!